quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Zoologia dos Testudines

Os quelônios ou testudíneos, são répteis da ordem Testudinata (Chelonioidea). O grupo tem cerca de 300 espécies, e ocupa habitats diversificados como os oceanos, rios ou florestas tropicais. Os quelônios estão na lista dos maiores répteis do mundo.

Os Testudines existentes são classificados em 13 famílias, que vem de duas ninhagens subdivididas nas subordens Pleurodira e Cryptodira, conforme a posição do pescoço quando a cabeça se encontra dentro da carapaça.

Os Cryptodira retraem a cabeça para dentro do casco curvando o pescoço na forma de um S vertical.



Os Pleurodira retraem a cabeça curvando o pescoço horizontalmente.



Os Testudines descobriram um modo de vida bem-sucedido no Triassico e, desde então, pouco se modificaram. A característica mais distintiva do grupo é a presença de uma carapaça córnea, formada pela expansão e união de algumas vértebras e das respectivas costelas, com placas córneas por cima. A carapaça serve de protecção ao animal também limitou a diversidade do grupo.

A carapaça das tartarugas encontra-se dividida em duas metades, uma superior e outra inferior (o plastrão), unidas entre si lateralmente. Possui uma estrutura de placas ósseas, cobertas por escamas córneas, embora estas não existam em algumas espécies. Em algumas espécies a carapaça tem articulações que permitem ao animal recolher a cabeça e membros para o seu interior e assim conseguirem uma proteção eficaz.



A carapaça é um eficaz meio de defesa contra predadores, pancadas ou condições ambientais adversas. Além disso, funciona como um meio de camuflagem pois assemelhando-se nas cores e nas formas ao meio ambiente, permite à tartaruga passar despercebida aos olhos dos predadores.

A morfologia do casco reflete a ecologia das espécies.

• Jabutis têm cascos em forma de altas cúpulas, bem ossificada e tem pés semelhantes a de elefantes.



• Cágados possuem casco com ossificação reduzida, pouco hidrodinâmico e pés grandes com membranas interdigitais desenvolvidas.



• Tartarugas têm carapaças baixas que oferecem menos resistência ao deslocamento na água e patas peitorais semelhantes a remos.



Os Testudines são animais de vida longa. Mesmo espécies de pequeno porte, como a tartaruga-pintada, não atingem a maturidade antes dos 7-8 anos de idade e podem viver 14 anos ou mais. As espécies de maior porte têm vida mais longa. São exageradas as estimativas de séculos de vida para os jabutis, mas os grandes jabutis e tartarugas marinhas podem viver tanto quanto os seres humanos, e mesmo os jabutis-caixa podem viver mais de 50 anos. Essa longevidade dificulta o estudo da história de vida dos Testudines.

Além disso, um longo período de vida geralmente está associado a uma baixa taxa de substituição de indivíduos na população, e espécies com essas características correm risco de extinção quando seu número é reduzido pela caça ou destruição do habitat. Esforços para a conservação das tartarugas marinhas e dos jabutis representam áreas d interesse especialmente importantes.

Os Testudines conseguem atingir um grau considerável de estabilidade da temperatura corporal por meio da regulação da troca de energia térmica com o ambiente. Testudines lacustres aquecendo-se ao sol sobre um tronco em uma lagoa é uma visão familiar em muitas partes do mundo, pois poucas tartarugas lacustres são suficientemente grandes para manter a temperatura corporal mais alta que a temperatura da água ao seu redor. A exposição aos raios ultravioleta pode estar envolvida na ativação da vitamina D, a qual está envolvida no controle do depósito de cálcio nos ossos e cascos.



Fora da época reprodutiva, as tartarugas marinhas podem migrar centenas ou milhares de quilômetros. Podem dormir na superfície quando estão em águas profundas ou no fundo do mar, sob rochas, em áreas próximas à costa. Os filhotes flutuam na superfície durante o sono e geralmente mantém as nadadeiras dianteiras encolhidas para trás sobre a parte traseira do corpo.

Durante a estação de acasalamento das tartarugas, os machos nadam à procura de companhia; talvez a cor e padrão das patas pelvinas permitam que os machos identifiquem as fêmeas de sua própria espécie. Em um estágio posterior a corte, quando o macho nada de ré diante das fêmeas e vibra suas garras contra os lados da cabeça dela, ambos os sexos podem ser os padrões de listras da cabeça, do pescoço e dos membros peitorais do parceiro.

O acasalamento ocorre no mar, em águas profundas ou costeiras. A fêmea escolhe um entre vários machos e o namoro começa com algumas mordidas no pescoço e nos ombros. A cópula dura várias horas e uma fêmea pode ser fecundada por vários machos. A fecundação é interna e uma fêmea pode realizar em média de três a cinco desovas para uma mesma temporada de reprodução, com intervalos médios de 10 a 16 dias.

Todos os Testudines são ovíparos. As fêmeas utilizam as patas pelvinas para escavar um ninho na areia ou solo, onde depositam uma postura que varia de 4-5 ovos nas espécies pequenas e até mais de 100 ovos nas grandes tartarugas marinhas.



O desenvolvimento embrionário típico requer 40-60 dias e geralmente ovos de casca mole se desenvolvem com mais rapidez que ovos de casca dura. Algumas espécies põem ovos no verão ou no outono; os ovos apresentam uma diapausa (um período de suspensão do desenvolvimento embrionário) durante o inverno, retomando o desenvolvimento quando a temperatura se eleva na primavera.



O Pleurodira australiano Chelodina rugosa põe seus ovos debaixo d’água em lagoas temporárias, mas o desenvolvimento embrionário só começa quando a lagoa seca e os ovos ficam expostos ao ar.

!! EXTINÇÃO !!

As tartarugas marinhas sofrem ameaças naturais e antrópicas em todos os estágios de seus ciclos de vida e, evidentemente, a interferência humana ao longo destes anos é a principal causa da drástica redução populacional destas espécies. A maioria dos impactos é uma conseqüência do incremento da exploração das regiões costeiras e oceânicas e incluem: alterações nas praias de desova, poluição, derrames de óleo, explosões em alto mar, dragagens, captura incidental em diversas artes de pesca, coleta de ovos e captura ilegal de tartarugas marinhas para a venda de produtos e utensílios.

A poluição e o desenvolvimento urbano desenfreado em regiões costeiras têm promovido uma diminuição significativa das populações. A iluminação e o sombreamento artificiais nos locais de desova interferem diretamente na postura dos ovos e na orientação dos filhotes, além de alterar a razão sexual dos indivíduos nascidos.



Outra grande ameaça a esses animais refere-se à contaminação das praias e mares com materiais tóxicos de diversas origens, tais como petróleo e esgoto. As tartarugas marinhas, devido ao seu hábito altamente migratório, são vulneráveis a derramamentos de óleo em todos os seus estágios de vida: ovos, filhotes, juvenis e adultos.

Os oceanos têm sido depósitos finais dos dejetos humanos. Pedaços de isopor, espumas e filtros de cigarros são vistos por aves marinhas, peixes e tartarugas como se fossem ovas de peixes e são engolidos.



A intensa atividade de pescadores, com objetivos de capturar elementos para consumo de carne e de ovos, bem como para a comercialização da pele e da carapaça para posterior transformação foi um dos principais motivos para que se iniciasse o processo de extinção.

Além de todas as atividades humanas, têm-se ainda os riscos naturais que elas enfrentam. As ameaças estão presentes desde o momento da desova, quando seus ninhos ficam vulneráveis a predadores. Quando os filhotes, de maneira equivocada, nascem pela manhã, a luz incidente neste período vem de todas as direções desorientando-os, e, adicionalmente, o calor excessivo leva à desidratação e à morte. No momento da corrida até o mar, ocorre normalmente a depredação de caranguejos e aves marinhas, aqueles que conseguem chegar ao mar por serem muito pequenos são comidos por peixes carnívoros e poucos conseguem sobreviver. Tartarugas marinhas juvenis e adultas têm certa segurança com relação a inimigos naturais, embora certas vezes, fiquem com algum membro decepado, pois também estão incluídas na dieta de tubarões.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Cartografia

Áreas de Desova

As principais áreas de desova das tartarugas marinhas em nossa costa são:

Regência - Comboios no Espírito Santo



Pirambu - Santa Isabel em Sergipe



Ppraia do Forte - litoral norte baiano.



Três destinos reconhecidos e altamente visitados na cena turística atual. Isso sem falar em Fernando de Noronha, Abrolhos, Trindade e Rocas. Em todos os locais citados, com um pouco de sorte e alguma disposição é possível acompanhar o nascimento dos filhotes e as desovas, que acontecem durante a noite.

Impactos sobre tartarugas marinhas

As atividades de produção de petróleo e gás nas bacias petrolíferas marinhas e plataformas auto-elevatórias,atrapalha no período reprodutivo das tartarugas marinhas . Os ruídos ocasionados pelo tracionamento dos dutos sobre o fundo do mar podem influenciar o comportamento de machos e fêmeas durante o acasalamento e o comportamento das fêmeas adultas antes das desovas também o uso de iluminação artificial nas plataformas aumentando a vulnerabilidade dos filhotes à ação de predadores e podendo por em risco a orientação dos filhotes após o nascimentoe também prejudicando a fêmeas no momento da desova,além de pode gerar fotopoluição.
Que podem atrapalhar as atividades reprodutivas das cinco espécies de tartarugas marinhas como: Tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea), Tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), Tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta),Tartaruga-verde (Chelonia mydas), Tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea).

Por outro lado, a fase de lançamento dos dutos na área marinha off-shore, não implica riscos consideráveis para o período reprodutivo das tartarugas marinhas mais tendo restrição temporária de atividades estendo de 1º de outubro ao último dia do mês de fevereiro, que compreende o pico da temporada reprodutiva de tartarugas marinhas nas regiões indicadas, incluindo o acasalamento, as desovas e o nascimento de filhotes.

Genética

Estudos genéticos sobre os quelônios

Os quelônios em geral são importantes na economia de populações tradicionais da região amazônica por serem muito apreciados na culinária local, e pela utilização de seus subprodutos, como ovos, gordura e adornos sendo seu comercio uma alternativa financeira para esta região.

Alguns estudos foram feitos, com objetivo principal de caracterizar a variabilidade e estrutura genética de algumas populações de quelônios no local.
Este monitoramento genético torna-se, portanto de grande relevância como suporte para projetos de manejo e conservação específicos para cada espécie.

Outro estudo muito interessante foi a identificação por DNA de espécies de tartarugas marinhas brasileiras, onde observou-se que dentre as 5 espécies que ocorrem no Brasil, todas são consideradas em perigo de extinção pela IUCN. Este estudo possibilitará o uso da ferramenta de identificação de espécies por grupos especialista ou não em genética forense, permitindo a identificação dos híbridos e das espécies a partir de qualquer tecido de animais.

Além destes, existe também um estudo sobre perda significativa da variabilidade genética da Tartaruga Oliva (Lepidochelys olivacea) no litoral brasileiro devido á ação antrópica. Foi observado que em tempos históricos, as ameaças a esta espécie no litoral brasileiro não afetaram significativamente a diversidade genética da população , pelo menos no genoma nuclear.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Imunologia

Na investigação clínica de répteis amostras sanguíneas podem ser facilmente obtidas e são de grande valor diagnóstico, através de uma contagem de células de um hemograma identificamos possíveis causas inflamatórias, facilitando a triagem e tratamento dos animais. Mas dados hematológicos de tartarugas na literatura são extremamente escassos.

Além de prevenir doenças os exames laboratoriais podem servir como bioindicadores de qualidade ambiental, uma vez que a saúde do meio ambiente influencia na biologia e ecologia dos organismos que vivem nele. Mesmo com comprovada importância, temos dados, mas não hipóteses, muito menos teorias fortemente estabelecidas sobre os componentes e parâmetros do hemograma desta ordem.
Assim como nos outros grupos de animais, esses valores podem sofrer variações de diversas causas: idade, tamanho, habitat, sexo, sazonalidade, dieta. O que dificulta ainda mais os primeiros passos das pesquisas para estabelecer parâmetros hematológicos.

Aqui, nos baseamos em dois trabalhos sobre a hematologia de tartarugas. Uma dissertação de mestrado, que aborda os répteis em geral e depois finaliza exemplificando cada ordem, inclusive os Testudines, e um artigo que aborda um estudo comparativo do hemograma de indivíduos selvagens e de cativeiro da espécie caretta caretta, uma tartaruga marinha.

O objetivo de ambos os trabalhos era melhorar a avaliação do estado de saúde em Quelônios. Para uma possível manutenção de animais saudáveis em cativeiro e reabilitação de indivíduos de vida livre.
Interpretação de um Hemograma:

Quando avaliamos a resposta hematológica dos Testudines, fatores externos como a condição ambiental, podem aumentar ou inibir a resposta do animal à doença. A contagem total e relativa de células sanguíneas pode variar grandemente em função de diversos fatores, tais como: o tamanho da célula, a idade do animal, o sexo, a época do ano, além de fatores patológicos, nutricionais e ambientais. Este fato cria para o clínico uma dificuldade maior para a interpretação de resultados em exames hematológicos.

• Leucócitos Granulócitos: Acidófilos e Basófilos.

O desenvolvmento dos granulócitos é semelhante ao que acontece nos mamíferos. Migram da medula óssea para a corrente sanguínea. Durante a maturação ocorre uma diminuição de tamanho e o citoplasma torna-se menos basófilo.

Os heterófilos são formas celulares acidófilas encontradas em aves e répteis, Facilmente identificados pelo seu grande tamanho e numerosos grânulos citoplasmáticos fusiformes. O aumento nos valores médios desse tipo celular pode indicar resposta do sistema imune frente a agentes bacterianos, fúngicos, virais e parasitários.

Heterofilia e Heteropenia.
Hibernação e estresse são fatores que diminuem e aumentam respectivamente o número de heterófilos circulantes. Estas células sugerem resposta inflamatória severa à infecção (especialmente bacteriana) e a outros processos patológicos.

A função do eosinófilos está relacionada com a fagocitose de imunocomplexos e está associada a infecções por parasitas.

Eosinofilia e Eosinopenia
O número circulante de eosinófilos é influenciado por fatores ambientais, como as alterações sazonais. O número de eosinófilos diminui durante os meses de verão, e aumentam durante a hibernação. A eosinofilia pode ser associada a infecções parasitárias.

Basófilos apresentam uma grande variação de tamanho, mas são geralmente pequenos, grânulos basofílicos podem camuflar o núcleo. Reagem por degranulação, liberando histamina.

Basofilia
A basofilia está associada á infecções virais e parasitárias. O número de basófilos aumenta com a infecção por hemoparasitas. Variações sazonais em seus valores são mínimas.

• Linfócitos

Linfopoiese, morfologia e função dos linfócitos são muito semelhantes à dos mamíferos.

Linfocitose e Linfopenia
Variações sazonais demonstraram que o número de linfócitos aumenta com o verão e diminui com o inverno. O sexo também influencia no valor circulante de linfócitos. Fêmeas de algumas espécies possuem o número maior do que os machos. A linfopenia freqüentemente está associada à desnutrição ou ocorre secundariamente, a um grande número de doenças causadas pelo estresse e pela imunossupressão. A linfocitose ocorre durante a cicatrização de feridas, doenças inflamatórias, infecções parasitárias e virais.

• Monócitos

São geralmente as maiores células de periferia sanguínea e possuem formas que variam de circular à amebóide. O núcleo também varia em forma, estando entre oval e lobulado. Eles possuem a função de fagocitose e são importantes na resposta granulomatosa de infecções microbianas.

Monocitose
O número de monócitos não é influenciado por variações sazonais. E sugere doenças inflamatórias, principalmente inflamação granulomatosas.

Discussão.

Variação de Leucócitos: Esta variação pode ser explicada pelo período da coleta das amostras de fêmeas que ocorreu na estação reprodutiva, onde devido à presença de hormônios, como a gonodotrofina e esteróides sexuais, normalmente as fêmeas apresentam valores inferiores às dos machos. Dado já visto nas causas naturais da linfocitose.

Dentre os leucócitos, a variação mais significativa é do eosinófilo: onde animais de vida livre apresentaram um número mais elevado desta célula. Como as tartarugas cativas são mantidas em ambiente controlado e passaram por procedimento de vermifugação, quando necessário, entende-se que os animais de vida livre possuem um estímulo parasitário maior para a produção de eosinófilos. O aumento deste tipo celular pode ser relacionado a casos de parasitismo, já que uma das funções do eosinófilo é participar da defesa contra infecções parasitárias.

Não foram observados basófilos nos grupos estudados, contudo, a presença deste tipo celular na circulação de tartarugas marinhas sadias é rara.

As condições ambientais, nutricionais e reprodutivas, as quais estes animais foram submetidos, influenciaram os resultados, observando-se valores distintos para as contagens relativas de eosinófilos e monócitos e absoluta de eosinófilos


Como podemos concluir, a hematologia é uma ferramenta fundamental para a avaliação das condições clínicas dos animais, inclusive dos répteis. Variações nos valores de eritrócitos podem indicar anemia ou policitemia, que são classificadas de acordo com as alterações clínicas apresentadas. Além disto, o estudo do eritrograma pode revelar a presença de hemoparasitas, que são achados comuns nestes animais. Da mesma maneira, o aumento do número de leucócitos totais pode nos indicar processos infecciosos, entre outros, e a leucopenia indica doenças virais.

Parasitologia

Principais doenças que acometem os quelônios.

Existem diversas espécies de parasitas que acometem os quelônios. Estes parasitas podem determinar patologias graves nos animais. Os mais jovens e aqueles mantidos em cativeiro, são mais susceptíveis a doenças e os com maiores índices de mortalidade. Apesar da ocorrência da parasitoses em quelônios, existe uma escassez de dados sobre esses animais.

Diversos fatores influenciam a ocorrência de parasitoses nos répteis em geral, como ambiente, alimentação e estresse. Dentre os parasitas mais comuns, estão protozoários, helmintos, cestodas, bactérias, entre outros.
As condições de manejo dos animais mantidos em cativeiro são fatores determinantes para a presença e surtos de parasitoses e outras doenças, pois, a água, comida e fezes são os principais focos de infecção.

As parasitoses podem ser tanto externas quanto internas. Não existem sintomas exclusivos que apontem para a presença de parasitas. Falta de apetite, vômitos, olhos com corrimento, perda de peso, elevações na pele, diarréia, fezes mal cheirosas, barriga distendida ou demasiadamente encolhida constituem os principais sintomas.

Uma doença comum dentre os quelônios é a amebíase que nesses animais, tem como agente etiológico o protozoário Entamoeba invadens. Os sinais clínicos são: diarréia com muco e sangue, vômito, apatia, anorexia, emagrecimento e morte. Infecções por bactérias Gram-negativas podem agravar os casos de amebíase. O diagnostico da doença é feito pelo exame de fezes e o tratamento é feito a base de metronidazol.
A prevenção da doença consiste em manter em quarentena os novos animais e fazer exames coprológicos periódicos; isolar e tratar animais suspeitos; manter a higiene dos terrários; na quarentena, recomenda-se o tratamento preventivo com amebicidas.

Outra doença importante a ser citada, é a coccidiose. Os organismos causadores dessa doença em quelônios são protozoários principalmente dos gêneros Eimeria, Isospora e Cryptosporidium. Em cativeiro, sob condições de superpopulação e estresse, os quelônios podem apresentar essa doença. Os coccídios são encontrados na vesícula e ductos biliares, no fígado e principalmente no intestino. As lesões causadas são enterite e hepatite. Animais que regurgitam o alimento dias após a ingestão são suspeitos de estarem infectados por Cryptosporidium.
Os sinais clínicos das coccidioses são falta de apetite, apatia e diarréia.
O diagnostico pode ser feito pelo exame de fezes e, no caso da Criptosporidiose, também pela análise microscópica do alimento regurgitado. As sulfas são normalmente empregadas no tratamento das coccidioses.

Os cestodas são bastante comuns. Parasitas do gênero Spirometra e Acanthotaenia são usualmente encontrados nos répteis. Tais parasitas possuem ciclo de vida um hospedeiro intermediário que pode ser um crustáceo, inseto ou mamífero. No estado larval pode produzir sérios danos por invasão de tecidos do hospedeiro intermediário.

A infecção pela Salmonella spp, é uma das zoonoses mais importantes dos répteis, em especial dos quelônios. Estes podem ser hospedeiros saudáveis, transmitindo a doença Salmonelose para outros animais e para o homem. Aparentemente, a Salmonella faz parte da microflora intestinal dos quelônios. Quando um animal entra em estado de estresse (por exemplo, pela captura, transporte e adaptação ao cativeiro) ou doenças (parasitismo), a resistência orgânica diminui e a bactéria torna-se patogênica para o animal hospedeiro. Sabe-se que os microorganismos são encontrados nas fezes, urina, ovos e carne dos répteis portadores. A água contaminada de um terrário também é fonte de infecção. Em répteis, doença causa gastroenterite, hepatite necrótica, pneumonia e septicemia. O tratamento é feito com antibióticos específicos. Medidas que previnem a contaminação de pessoas e do ambiente são importantes para se evitar o contágio da doença.



Além destes, existem ainda os ectoparasitas que promovem lesões cutâneas e causam intenso prurido em virtude de sua movimentação e reação alérgica da saliva desses agentes.

O ácaro Ophionyssus sp, parasita répteis de todas as ordens. As infestações intensas provocam exsanguinação e anemia. Os ácaros são muito pequenos (menos de 1,5mm) e podem ser vistos próximos aos olhos dos animais parasitados. Depositam seus ovos no ambiente. O tratamento consiste na aplicação de produtos organofosforados, como o diclorvós (presente nas coleiras anti-pulgas). São colocadas coleiras dentro dos terrários atingidos ou é realizada a aspersão do réptil com produto acaricida. Estes produtos devem ser usados com cuidado, pois podem ser tóxicos para os animais. Os carrapatos também parasitam os répteis e são organismos patogênicos. O tratamento é feito com produtos carrapaticidas ou remoção manual.

Os abcessos subcutâneos são causados principalmente por bactérias Gram-negativas ou Mycobacterias. Surgem em decorrência de ferimentos na pele (ferimentos traumáticos, mordidas de ratos, picadas de ácaros e carrapatos) ou de outros pontos infeccionado no organismo. O ambiente pouco higiênico é um fator predisponente. Deve-se diferenciar o abcesso de hematomas, nódulos parasitários e tumores. Como tratamento da doença, é aconselhada a drenagem dos abcessos ou remoção cirúrgica dos mesmos. Depois o local é irrigado e medicado com pomadas próprias. O tratamento com antibiótico parental é necessário.

Todos os répteis estão sujeitos a infecções respiratórias. Os quelônios são afetados mais frequentementes. Em geral, os répteis possuem anatomia e fisiologia respiratória bastante peculiar. Bactéria Gram-negativas e fungos são os agentes mais comuns. Por não apresentarem diafragma funcional no sistema respiratório, os répteis não tossem e os fluidos tendem a acumular-se nos pulmões. As infecções respiratórias podem ser confundidas com a hipovitaminosse A, que causa uma metaplasia escamosa do epitélio nasal e faringeal, passando a produzir fluidos mucosos. Estes fluidos são eliminados pelas narinas e podem ser confundidos com exsudatos originários de infecções respiratórias. Na verdade, as infecções respiratórias e a hipovitaminosse A compartilham sinais clínicos semelhantes: corrimento oro-nasal, dispnéia (dificuldade em respirar), respiração com a boca aberta, anorexia, depressão e perda de peso.

Diferentemente, quelônios com hipovitaminosse A podem apresentar crescimento da porção córnea da boca e conjuntivite. Tartarugas que apresentam pneumonia podem ter os pulmões repletos de exsudatos. Assim, perdem o equilíbrio natatório quando colocadas na água. As radiografias são úteis no diagnóstico das pneumonias.

Microbiologia

Comportamento hemolítico de STREPTOCOCCUS em meio de cultura produzido com sangue de tartaruga de água doce.

O principal objetivo deste estudo foi comprovar que nada melhor que um meio de cultura produzidos a partir do sangue de indivíduos da própria ordem dos Testudines para observações da microbiota destes. Uma vez que é normal utilizar sempre meios produzidos a partir de sangue de carneiro para a observação de comportamentos hemolíticos de microrganismos na maioria das espécies de animais.
Os meios de cultura permitem o cultivo de microrganismos fora de seu “habitat” natural, cada tipo de microrganismo tem exigências físicas e nutritivas muito diferentes.

Para verificar a atividade hemolítica de algumas bactérias, como as do gênero Streptococcus, é necessário utilizar um meio de cultura Ágar-sangue.
As bactérias deste gênero são cocos gram positivos, normalmente em forma de cacho de uva e se apresentam imóveis e não esporulam. São Bactérias facultativas, crescem na presença ou não de O2.

Streptococcus pneumoniae (principal causador da pneumonia) e o Streptococcus pyogenes (causador da Síndrome do Choque Tóxico Estafilocócico), são espécies de grande importância por serem causadoras de patologias recorrentes principalmente em humanos. Por fazerem parte da microbiota normal de Testudines, são estas duas espécies que serão abordadas aqui.



Trachemys adiutrix é uma espécie semi-aquática e endêmica do Estado do Maranhão, vem-se buscando cada vez mais estudos desta espécie devido sua grande endemicidade, sua grande resistência a ambientes desérticos e seu valor econômico por atrair turistas. Não se tem até hoje na literatura cientifica qualquer estudo sobre o comportamento hemolítico de bactérias em qualquer meio de cultura produzido através do sangue desta espécie.

Tem-se como objetivo no artigo consultado, objetivo comparar o comportamento hemolítico de S. pneumoniae e S. pyogenes, em meio de cultura produzido com sangue de tartaruga de água-doce.

Para a confecção de meios de cultura produzidos a partir do sangue desta espécie, são seguidos os seguintes passos: é feita a punção sanguínea de indivíduos da espécie, e o produto retirado é colocado em um erlenmeyer contendo pérolas de vidro para acontecer a desfibrinação, em seguida coloca-se 50 microlitros de sangue desfibrinado para uma Placa de Petri estéril e, em seguida, adicionado 10 ml da base de ágar-sangue à temperatura aproximada de 50ºC, homogeneizando-se com movimentos circulares e deixando-se resfriar a temperatura ambiente.

Resultados importantes são obtidos quando comparado ação destas bactérias em placas de Petri produzidas com sangue de carneiro e de tartaruga.

Começando pela coloração, placas de continham meio de cultivo produzido do sangue de tartaruga eram mais claras que as placas que tinham como base o sangue do carneiro. Isso porque as hemácias de répteis são nucleadas, diferente das dos mamíferos. A presença de um núcleo centralizado diminui a quantidade de hemoglobina dissolvida no citoplasma celular, conferindo uma cor mais clara ao meio.

Com relação aos padrões hemolíticos, estes foram igual em ambas as Placas de Petri, não importando a origem do sangue, sugerindo que as Pneumolisinas e Estreptolisinas atuam com a mesma intensidade tanto nas hemácias de mamíferos quanto nas dos quelônios. Estas hemolisinas têm efeito biológico de lise dos eritrócitos (hemácias) e plaquetas.

Uma vantagem é obtida com o cultivo destes microrganismos nas pacas produzidas com sangue de quelônios. Para os meios fabricados com sangue de carneiro, o tempo médio de florescimento à 38º é de 24 horas. Para as placas das tartarugas, o florescimento das colônias bacterianas ocorreu cerca de 6 horas depois da semeadura à 38º. O meio fabricado a partir do sangue da tartaruga possui algum fator diferencial e estimulador ao crescimento dos microorganismos em questão, ainda não identificado.

Estes Streptococcus fazem parte da microbiota normal tanto do homem quanto dos quelônios, levando ao aparecimento de uma patologia devido ao desequilibro de populações da microbiota. Apesar de não existirem relatos da patogenicidade da bactéria S.pyogenes em Testudines.

Conclusão: Necessidade de preservação!

Os Testudines vêm sofrendo grande impacto com a pressão humana e a degradação ambiental. Calcula-se que, das 300 espécies de Testudines conhecidas, 166 estão ameaçadas de extinção.

Além da importância de novos estudos para potencializar a proteção das espécies e obter informações com finalidade de facilitar diagnósticos, tratamentos até mesmo de indivíduos selvagens, é necessário investir na educação.

Os quelônios brasileiros estão numa segunda lista mundial, de aproximadamente 150 espécies, que precisam de algum tipo de manejo ou intervenção para limitar as pressões, sob risco de entrar na lista vermelha nos próximos 20 anos. Estas ameaças são principalmente ocasionadas devido consumo de carne, ovos e comercio ilegal.

Educação é uma importante ferramenta para o desenvolvimento de uma postura que
conduza aos projetos de conservação, bem como um elemento chave no sucesso destes, na medida em que as pessoas envolvidas ou afetadas pelo programa sejam informadas da necessidade daquela ação e dos benefícios do programa para o seu presente e futuro. Um programa de manejo e conservação de tartarugas bem sucedidos seriam aqueles que reconhecem que a proteção se faz necessária em todos os estágios da historia de vida dos organismos.

Respeito a qualquer forma de vida é essencial, esperamos que a este blog tenha atingido o principal objetivo que é, além de disponibilizar informações sobre estas espécies, alertar sobre a necessidade de uma urgente mudança de comportamento do mundo. As próximas gerações podem não ter o prazer de contemplar a beleza destes indivíduos, sem falar no gigantesco impacto ambiental e desequilíbrio que a perda destes animais causaria ao ecossistema.