quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Zoologia dos Testudines

Os quelônios ou testudíneos, são répteis da ordem Testudinata (Chelonioidea). O grupo tem cerca de 300 espécies, e ocupa habitats diversificados como os oceanos, rios ou florestas tropicais. Os quelônios estão na lista dos maiores répteis do mundo.

Os Testudines existentes são classificados em 13 famílias, que vem de duas ninhagens subdivididas nas subordens Pleurodira e Cryptodira, conforme a posição do pescoço quando a cabeça se encontra dentro da carapaça.

Os Cryptodira retraem a cabeça para dentro do casco curvando o pescoço na forma de um S vertical.



Os Pleurodira retraem a cabeça curvando o pescoço horizontalmente.



Os Testudines descobriram um modo de vida bem-sucedido no Triassico e, desde então, pouco se modificaram. A característica mais distintiva do grupo é a presença de uma carapaça córnea, formada pela expansão e união de algumas vértebras e das respectivas costelas, com placas córneas por cima. A carapaça serve de protecção ao animal também limitou a diversidade do grupo.

A carapaça das tartarugas encontra-se dividida em duas metades, uma superior e outra inferior (o plastrão), unidas entre si lateralmente. Possui uma estrutura de placas ósseas, cobertas por escamas córneas, embora estas não existam em algumas espécies. Em algumas espécies a carapaça tem articulações que permitem ao animal recolher a cabeça e membros para o seu interior e assim conseguirem uma proteção eficaz.



A carapaça é um eficaz meio de defesa contra predadores, pancadas ou condições ambientais adversas. Além disso, funciona como um meio de camuflagem pois assemelhando-se nas cores e nas formas ao meio ambiente, permite à tartaruga passar despercebida aos olhos dos predadores.

A morfologia do casco reflete a ecologia das espécies.

• Jabutis têm cascos em forma de altas cúpulas, bem ossificada e tem pés semelhantes a de elefantes.



• Cágados possuem casco com ossificação reduzida, pouco hidrodinâmico e pés grandes com membranas interdigitais desenvolvidas.



• Tartarugas têm carapaças baixas que oferecem menos resistência ao deslocamento na água e patas peitorais semelhantes a remos.



Os Testudines são animais de vida longa. Mesmo espécies de pequeno porte, como a tartaruga-pintada, não atingem a maturidade antes dos 7-8 anos de idade e podem viver 14 anos ou mais. As espécies de maior porte têm vida mais longa. São exageradas as estimativas de séculos de vida para os jabutis, mas os grandes jabutis e tartarugas marinhas podem viver tanto quanto os seres humanos, e mesmo os jabutis-caixa podem viver mais de 50 anos. Essa longevidade dificulta o estudo da história de vida dos Testudines.

Além disso, um longo período de vida geralmente está associado a uma baixa taxa de substituição de indivíduos na população, e espécies com essas características correm risco de extinção quando seu número é reduzido pela caça ou destruição do habitat. Esforços para a conservação das tartarugas marinhas e dos jabutis representam áreas d interesse especialmente importantes.

Os Testudines conseguem atingir um grau considerável de estabilidade da temperatura corporal por meio da regulação da troca de energia térmica com o ambiente. Testudines lacustres aquecendo-se ao sol sobre um tronco em uma lagoa é uma visão familiar em muitas partes do mundo, pois poucas tartarugas lacustres são suficientemente grandes para manter a temperatura corporal mais alta que a temperatura da água ao seu redor. A exposição aos raios ultravioleta pode estar envolvida na ativação da vitamina D, a qual está envolvida no controle do depósito de cálcio nos ossos e cascos.



Fora da época reprodutiva, as tartarugas marinhas podem migrar centenas ou milhares de quilômetros. Podem dormir na superfície quando estão em águas profundas ou no fundo do mar, sob rochas, em áreas próximas à costa. Os filhotes flutuam na superfície durante o sono e geralmente mantém as nadadeiras dianteiras encolhidas para trás sobre a parte traseira do corpo.

Durante a estação de acasalamento das tartarugas, os machos nadam à procura de companhia; talvez a cor e padrão das patas pelvinas permitam que os machos identifiquem as fêmeas de sua própria espécie. Em um estágio posterior a corte, quando o macho nada de ré diante das fêmeas e vibra suas garras contra os lados da cabeça dela, ambos os sexos podem ser os padrões de listras da cabeça, do pescoço e dos membros peitorais do parceiro.

O acasalamento ocorre no mar, em águas profundas ou costeiras. A fêmea escolhe um entre vários machos e o namoro começa com algumas mordidas no pescoço e nos ombros. A cópula dura várias horas e uma fêmea pode ser fecundada por vários machos. A fecundação é interna e uma fêmea pode realizar em média de três a cinco desovas para uma mesma temporada de reprodução, com intervalos médios de 10 a 16 dias.

Todos os Testudines são ovíparos. As fêmeas utilizam as patas pelvinas para escavar um ninho na areia ou solo, onde depositam uma postura que varia de 4-5 ovos nas espécies pequenas e até mais de 100 ovos nas grandes tartarugas marinhas.



O desenvolvimento embrionário típico requer 40-60 dias e geralmente ovos de casca mole se desenvolvem com mais rapidez que ovos de casca dura. Algumas espécies põem ovos no verão ou no outono; os ovos apresentam uma diapausa (um período de suspensão do desenvolvimento embrionário) durante o inverno, retomando o desenvolvimento quando a temperatura se eleva na primavera.



O Pleurodira australiano Chelodina rugosa põe seus ovos debaixo d’água em lagoas temporárias, mas o desenvolvimento embrionário só começa quando a lagoa seca e os ovos ficam expostos ao ar.

!! EXTINÇÃO !!

As tartarugas marinhas sofrem ameaças naturais e antrópicas em todos os estágios de seus ciclos de vida e, evidentemente, a interferência humana ao longo destes anos é a principal causa da drástica redução populacional destas espécies. A maioria dos impactos é uma conseqüência do incremento da exploração das regiões costeiras e oceânicas e incluem: alterações nas praias de desova, poluição, derrames de óleo, explosões em alto mar, dragagens, captura incidental em diversas artes de pesca, coleta de ovos e captura ilegal de tartarugas marinhas para a venda de produtos e utensílios.

A poluição e o desenvolvimento urbano desenfreado em regiões costeiras têm promovido uma diminuição significativa das populações. A iluminação e o sombreamento artificiais nos locais de desova interferem diretamente na postura dos ovos e na orientação dos filhotes, além de alterar a razão sexual dos indivíduos nascidos.



Outra grande ameaça a esses animais refere-se à contaminação das praias e mares com materiais tóxicos de diversas origens, tais como petróleo e esgoto. As tartarugas marinhas, devido ao seu hábito altamente migratório, são vulneráveis a derramamentos de óleo em todos os seus estágios de vida: ovos, filhotes, juvenis e adultos.

Os oceanos têm sido depósitos finais dos dejetos humanos. Pedaços de isopor, espumas e filtros de cigarros são vistos por aves marinhas, peixes e tartarugas como se fossem ovas de peixes e são engolidos.



A intensa atividade de pescadores, com objetivos de capturar elementos para consumo de carne e de ovos, bem como para a comercialização da pele e da carapaça para posterior transformação foi um dos principais motivos para que se iniciasse o processo de extinção.

Além de todas as atividades humanas, têm-se ainda os riscos naturais que elas enfrentam. As ameaças estão presentes desde o momento da desova, quando seus ninhos ficam vulneráveis a predadores. Quando os filhotes, de maneira equivocada, nascem pela manhã, a luz incidente neste período vem de todas as direções desorientando-os, e, adicionalmente, o calor excessivo leva à desidratação e à morte. No momento da corrida até o mar, ocorre normalmente a depredação de caranguejos e aves marinhas, aqueles que conseguem chegar ao mar por serem muito pequenos são comidos por peixes carnívoros e poucos conseguem sobreviver. Tartarugas marinhas juvenis e adultas têm certa segurança com relação a inimigos naturais, embora certas vezes, fiquem com algum membro decepado, pois também estão incluídas na dieta de tubarões.

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